quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Ensino Artístico, uma reforma cheia de"equivocos"

Quem está atento à notícias, já deve ter-se dado contra das manifestções que têm sido movidas contra a Reforma do Ensino Artístico. Quem está mais atento ainda, viu a entrevista que a Ministra da Educação foi dar ao Jornal da RTP2, onde informou estes espectadores tão atentos que as contestações de que a Reforma tem sido alvo são fruto de uma série de equivocos por parte de professores, pais e alunos, e que aquilo que o Ministério pretende fazer não é acabar com ensino de música especializado, mas alárga-lo a 1milhão e meio de jovens (potencialmente cheios de talento) que frequentam as escolas públicas de ensino regular do 1ºciclo (até agora não se ouviu falar de outros ciclos..)e com isto contratar mais professores, não despedir. Quanto ao ensino integrado, disse que não pretendia acabar com ele, mas alargar o integrado.
Resumindo em poucas palavras, a reforma do ensino artístico tem por objectivo implementar um ensino generalista de música em todas as escolas básicas do país dentro de um regime de Aulas de Enriquecimento Curricular (AEC´S) e limitar o ensino especializado nas escolas públicas ao ensino integrado, isto é a estudantes que desejam fazer da música o seu modo de vida. Dito assim até podem não parecer ideias má de todo, não fossem as limitações que encontramos em cada uma delas. O ensino integrado começa a ser ministrado na altura em que a criança ingressa no 5ºano de escolaridade, tendo portanto 9/10 anos. Ao optar por este regime, a criança vê as suas opções de futuro profissional limitadas ao meio artistico, pois não terá uma formação generalizada, como teria numa escola de ensino regular, algo que até agora qualquer aluno podia frequentar mediante a sua inscrição no regime supletivo ou articulado. A segunda limitação prende-se com a idade com que o aluno tem que fazer esta opção - 10 anos! Se por acaso descobrir o seu interesse para a música aos 11,12 ou mais anos (até em adulto!), terá que procurar aulas de música no ensino particular, pois terá passado o limite limitado de idade para iniciar o ensino integrado nas escolas públicas de ensino artístico.
Quanto à ideia de implementar AEC's no 1ºciclo, é louvável, mas encontra à partida 3 condicionantes:
1)Falta de infraestruturas, isto é, falta de instrumentos musicais, aparelhagens se som e até salas adequadas na maior parte das escolas do país;
2)Inexistência (pelo menos até ao momento) de um programa adequado a esta disciplina e ao público a que se dirige;
3) Falta de professores com a formação adequada para leccionar esta disciplina (de teor ainda desconhecido ) e para cativar cativar o interesse de crianças numa idade ainda de brincadeira.
Estará o Ministério disposto a fazer um avultado investimento em infraestruturas e formação de professores para pôr em marcha esta ideia, ou ela é apenas uma manta, que serve para tapar a intenção de reduzir o ensino especializado a uma infima existência, e todas estes "boas intenções" cairão por terra assim que o verdadeiro objectivo for concretizado?
Aguardam-se desenvolvimentos...